segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

O Último Conto Bizarro do Ano: O Alegre Palhaço Simão


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Muita gente tem medo de palhaço. Esta figura maquiada, que dança e brinca e solta piada. Pode muitas vezes parecer ameaçadora para os olhos dos mais desconfiados. Por isto, a aparência pode ser um engano para quem não conhece a verdadeira alma do ser humano.
Maricleide estava dirigindo o seu Fiat Uno em plena avenida paulista como de costume. Muito barulho de sirene de ambulância, motoqueiro cortando caminho e quase trombando nas laterais dos automóveis, vendedores de água, suco e balinha gritando, carro de som com barulheira 'na toda'.
Seria mais uma segunda feira de ida ao serviço, se a moça do Fiat vestida com terno preto e cabelo amarrado e formal não estivesse nervosa pelo atraso e pelo presente que teria que comprar para o aniversário do filho de seis anos chamado de Saul.
Tudo já estava programado em sua cabeça: ida ao trabalho, recolhimento de relatório, almoço e ida rápida ao shopping. Maricleide olhou para o relógio do celular e percebeu que do jeito que estava chegaria mais de vinte minutos atrasada. O seu chefe de departamento, seu Astolfo, com certeza lhe olharia com aqueles óculos de grau que lhe deixam com cara de coruja velha e sua boca coberta de um bigode seboso e meio esbranquiçado. Ele olharia com toda braveza do mundo!
E quando o chefe está azedo, nem adianta pedir. Ele não deixaria a moça dar uma 'corrida' até o shopping.
Enquanto pensava em como falaria com seu chefe sobre seu atraso, Maricleide não percebeu a chegada á porta de seu carro de uma estranha figura. De súbito ela se assustou com o 'olá' todo espalhafatoso e folgado do vendedor que estava vestido de palhaço de circo.
O cara todo maquiado de cara branca e cabelos vermelhos e um nariz da mesma cor dos cabelos e redondo e uma roupa que mais parecia um enorme lençol de seda branco com bolinhas azuis e amarelas. Maricleide tinha um histórico de temer pessoas fantasiadas, tudo porque na infância ela quase foi estuprada por um palhaço de circo mal intencionado.
Daí nunca mais ela quis ver um palhaço perto dela. Quando ela viu que o homem de fantasia portava uns brinquedos 'made in china' ela logo lembrou do seu filho. Mas cade  coragem de falar com o cara? Ela olhava para o palhaço e começava a suar frio e ter uma arritmia cardíaca.
Na sua mente duas preocupações vieram: comprar o brinquedo do filho, pois poderia não ter permissão do chefe para fazer isto mais tarde e ver um palhaço esquisito na sua frente.
Como o amor de mãe falou mais alto, Maricleide resolveu vencer o medo e falar com o vendedor vestido de palhaço para ver por quanto ele vendia um de seus brinquedos:
- Senhor... Er... Senhor palhaço quanto custa um brinquedo desses aí?
O palhaço mostrou um sorriso franco no rosto e então chegou mais perto da mulher e disse:
- Opa! Vendo um de meus brinquedos por R$20 minha senhora. Vai levar?
A mulher ainda estava assustada com o palhaço e sem querer ficou paralisada sem voz para responder. O vendedor percebeu e então para quebrar o gelo continuou a conversar com a moça:
-Olha senhora sou o palhaço Simão. Estes brinquedos são lindos perfeito para a senhor dar de presente para seus sobrinhos.
Maricleide se desarmou. Achou engraçado o palhaço achar que ela estaria comprando presentes para um sobrinho e não para o filho. Sera que ele pensou que sou nova demais para ser mãe? pensou ela se sentido elogiada.
Vendo que a mulher soltou um sorriso o palhaço continuou:
-posso te dar um desconto madame. Pode levar qualquer brinquedo por R$10 e ainda te dou um brinde especial!
Maricleide ficou feliz com a ideia do brinde. Tirou da bolsa uma nota de dez reais e logo foi escolhendo o brinquedo do menino (um carrinho) e em seguida foi perguntando pelo brinde:
-E aí Simão cadê o brinde.
Simão então deu um sorriso sinistro e com um olhar estranho e voz cavernosa falou:
-Esta aqui!
Maricleide levou um susto. Seus olhos ficaram arregalados. Seu corpo todo tremeu! O palhaço lhe deu de brinde um cranio que mais parecia de verdade. A moça estranhou o brinde pensou em não aceitar, mas acabou pegando. Antes de partir ela resolveu fazer uma pergunta ao palhaço.
-Onde você arrumou isto?
O palhaço de forma matreira falou:
-Eu tenho muitos destes em casa. Parecem reais. mas eu juro que são de plástico.
Maricleide foi embora com o tal brinde na mão. Seus problemas enfim estavam resolvidos. Ela foi embora feliz sabendo que vai dar um bom presente para o filho.
O palhaço então saiu da avenida e rumou para o cemitério da cidade. Lá ele foi tirar um cochilo e mais tarde violar mais um túmulo para arrancar o cranio e vende-lo para algum desavisado na rua.


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