quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

O Mistério de Van Gogh


Vincent Willen Van Gogh (1853-1890) é a figura mais misteriosa do mundo das artes. O seu nome está relacionado hoje a um artista que teve vários problemas em vida e uma redescoberta fervorosa de suas obras após a sua morte.
O seu suicídio em 1890 em Paris em decorrência de uma depressão é tratado como algo comovente e injusto para com alguém que só queria transmitir os seus sentimentos por meio da arte. Muitas biografias tentam equilibrar a sua genialidade e a ironia de seus fracassos em ser reconhecido.
Porém, temos que nos a ter a dois pontos que costumam não serem entendidos:
1- Na época em que viveu Van Gogh presenciou transições artísticas simultâneas: a acensão do Impressionismo, o Realismo de Manet em outro extremo e os pintores de Barbizon em outro.
2- Van Gogh queria imitar os trabalhos de Millet ( que retratava camponeses e sua vida difícil) e por isto, demorou a interagir com os Impressionistas como Degas e até mesmo com os pós- Impressionistas como Paul Gauguin.
Segundo o biografo David Haziot (que por sinal escreveu uma bela biografia de Van Gogh), o pintor holandês gostava da pintura barroca de Rubens e de tanto se esmerar em copiar estes temas não conseguia compradores. No início quando começou a pintar Van Gogh vivia a crise entre ser um pintor ou seguir a carreira de seu pai que era pastor. Também, não sabia se seguiria a carreira do irmão (Theo Van Gogh foi merchand e trabalhou em muitas galerias de artes na Holanda e na França).

Quando finalmente conseguiu se decidir a influência barroca falou mais alto e começou a pintar camponeses em cenas escuras e tristes como em seu famoso quadro 'Os comedores de Batatas' (1885). Seu irmão queria ajudá-lo e pedia para que ele mudasse o tema para conseguir vender seus trabalhos. Van Gogh andou por vários lugares da Europa para poder se inspirar e desenvolver suas técnicas como artista. Lógico que no começo ele não era considerado um bom desenhista por seus professores de arte. E por vezes, era ridicularizado, para piorar ele se comportava de forma excêntrica o que lhe levou a ser tachado de anti-social e louco.

Contudo, o holandês ruivo de traços rústicos e de poucos amigos ( pelo menos é o que transparece em seus auto retratos) rapidamente aprendeu a misturar as técnicas das pinceladas impressionistas com as linhas do cloisonner e se dedicar a mostrar mais o ambiente campestre com seus amarelos.
Obras como 'A Noite Estrelada' e 'Os Girassóis' são os seus trabalhos  significativos nos signos que fariam de Van Gogh um ser reconhecido: as auras em forma  de circulo e o dourado em vários pontos com os vermelhos ou azuis berrantes.

Aconselho dois livros ótimos para se entender a mente de Van Gogh e ao mesmo tempo desmistificar a imagem de doido que insistem a colocar a ele:

Cartas a Theo, autor: Jo Van Gogh-Borger, editora LP&M, 2002
O livro é uma coletânea de cartas enviadas por Vincent Van Gogh para o seu irmão Theo Van Gogh. As cartas que foram guardadas pela mulher de Theo, mostra como Van Gogh via o mundo e sua visão pessoal da arte e como planejava os seus quadros.

Van Gogh, Biografia, autor: David Haziot, editora LP&M, 2010.
Obra premiada pela academia francesa de artes. O biografo David Haziot fez uma pesquisa minuciosa e descobre um Van Gogh bem diferente daquele que ficou conhecido. Foi um artista mulherengo, bem humorado e genial.

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