sábado, 21 de novembro de 2015

O Equivoco da Arte na História dos Povos


Ontem se comemorou no dia 20 de novembro, o Dia da Consciência Negra. Se espera um dia em que não se precise mais criar dias especiais como este ou do Dia da Mulher, para que percebermos que todos os indivíduos em suas diferenças são importantes. Não fazendo distinção da cor da pele, a religião ou o gênero.
Dito isto, podemos enfim, analisar como  a arte muitas vezes se torna um veículo do preconceito, às vezes de forma involuntária. Neste caso quando a arte é utilizada como veículo de narrativa histórica todo um pouco de cuidado nunca é demais.
Hollywood, por exemplo, sempre surpreende em cometer erros que podem parecer simplórios mas, que ajudam a divulgar erros equivocados. Alguns povos e culturas muitas vezes retratados em filmes e séries de TV, e até em novelas (no caso do Brasil) muitas vezes são mostrados de forma distorcida ou incompletos em sua totalidade sociocultural.

Os povos do Egito Antigo (à exemplo) sempre são mostrados em películas americanas de forma caricata ou mal representados. Há muito tempo que se discute-se em meio acadêmico se os egípcios antigos eram realmente negros ou brancos como mostram os filmes.
O que se sabe é que o Egito foi dividido em negro e mestiço. Nunca branco como alguns historiadores europeus colocavam até então. Um Egito negro existiu ao sul do rio Nilo que era dominado pelos povos núbios. O povo de Núbia era muito avançado para a sua época e com isto dominaram posteriormente o Egito e provocou inclusive a sua unificação (até então existia o Egito do Alto e o Egito do Baixo Nilo).
Estátuas e desenhos deste Egito negroide ficaram para a história. Em seguida, depois do Antigo Império, o Novo e o Médio ficaram conhecidos pelas pirâmides e por um povo de pele mestiça.

Somente no final do império é que começaram a surgir cidadãos egípcios de pele mais clara ( um exemplo disso foi Cleópatra que era filha de uma egípcia que se casou com um soldado romano). De certa forma nos filmes épicos antigos que passavam nas matinês imaginar um Egito menos branco era improvável. Ainda mais que atores negros em Hollywood eram quase desconhecidos ou pouco procurado pelos estúdios neste período. Assim sendo coube ao ator russo- americano Yul Brenner interpretar o temível rei Ramisés no antológico 'Dez Mandamentos' de Cecil B. Demille.

Em 'Deuses e Reis' de Ridley Scott temos um faraó branco de olhos azuis e todo um elenco egípcio todo caucasiano e os poucos atores negros que aparecem são somente mostrados como escravos, o que historicamente não é de todo correto, já que mesmo que os Núbios não tivessem mais poder sobre o Egito nesta época, ainda assim eram mais representados. De certa forma o filme que melhor mostrou os egípcios foi a animação 'O Príncipe do Egito' nos anos 90.
Atualmente na Rede Record a versão à brasileira dos 'Dez Mandamentos' tem agora Sergio Marone fazendo o papel do mesmo rei e assim como Brenner longe historicamente do que seria o Ramisés pesquisado pelos historiadores e arquiológos. Mesmo que muitos discordem de tal argumento não se pode fingir que ele não existe.

Assim também, em Hollywood os atores asiáticos e indianos são retratados como meros figurantes ou personagens caricatos que muito não acrescentam na adversidade cultural. Mesmo vivendo em um mundo globalizado e os laços de contato culturais estão mais estreitos, ainda assim, temos visões de estranhamento do que vemos.

Muitos criticam a cultura indiana somente pelo o que vem nas novelas e esquecem que a ficção novelística muitas vezes não recorre ao que é verdadeiro sobre esta cultura. O mesmo descaso está  em alguns noticiários que não mostram os dois lados dos povos islâmicos. O Estado Islâmico que provocou terríveis atentados em Paris não representa os povos islâmicos em sua maioria pacíficos.
Enfim, espero que o dia 20 de novembro não seja somente o Dia da Consciência Negra, mas também o Dia da Consciência Humana!   

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