terça-feira, 7 de abril de 2015

Hiper Realismo: Auge da técnica ou esvaziamento de conteúdo?


Qual artista no inicio da carreira não quis fazer um belo retrato? Ou pintar um lindo quadro de paisagem como se estivesse reproduzindo uma fotografia?
Todo o artista de certa maneira tem este sentimento de superar a si mesmo. Desenhar e pintar nunca foi fácil mesmo para aqueles que acreditam na arte como um 'dom '( o que discordo totalmente). A arte clássica que teve seu auge no período romano e depois foi despertada no século XVIII, pelos clássicistas, tinha como ponto principal a reprodução da figura humana e da natureza de forma mais fiel possível.

Claro, que com o tempo a obsessão da reprodução da realidade (ou do que se acredita se-la) foi sendo modificada. Dois exemplos podem ser citados:  o movimento impressionista e a invenção da máquina fotográfica. Os impressionistas liderados por Claude Monet, trouxeram a busca da imitação da realidade por meio das cores (é o efeito de luz sobre um objeto é que diz se uma folha de uma árvore é verde claro ou escura). Depois veio a máquina fotográfica que tirou o poder dos pintores de reproduzir a realidade somente com o nitrato de prata sobre uma superfície de papel fotográfico.

A busca da mais alta fidelidade do olho sobre um objeto chegou a meu ver no seu auge com o escultor Rodin: segundo diz uma lenda, Rodin quase foi desclassificado por um juiz de um seleção para exposição, que achou que uma de suas esculturas não passava de um homem pintado de branco para parecer mármore.
O que poderia soar como acusação de fraude, se tornou para Rodin um atestado de seu apuro técnico. Curiosamente o pós-impressionismo de Paul Gauguin e Van Gogh quebrariam a busca dos pintores pela reprodução da natureza. E mesmo com o Realismo de  Gustave Courbet (que mais se preocupava com fatores sociais e não a imitação da natureza) não pararia o que seria posteriormente o Expressionismo.

Ainda assim, a ideia de que um bom artista tem que reproduzir fielmente o mundo pauta os estudos de arte e até o gosto de leigos e artista amadores. Não a toa que a exposição de Ron Mueck que ocorreu em São Paulo a uns três meses atrás tenha chamado a atenção do público. Ao mesmo tempo que causava um deslumbre causava estranheza de verem figuras que mais pareciam humanos em tamanho agigantado ou miniaturizados. Em si as obras de Mueck são uma sátira ao realismo e por isto são classificadas de hiper realismo ( é uma realidade aumentada ao ponto de ser absurda).

Pena que nem todos os artistas que primam o realismo tenham tal senso de humor. Muitos preferem exaltar o retrato e pintar a natureza de forma tão real e ao mesmo tempo vazia. É comum muitos pintores reclamarem dos artistas conceituais ou modernos que relegaram o estudo clássico como meta, de que o verdadeiro artistas é o que sabe pintar bem pessoas, animais, árvores... Bem, como estudante de arte e ao mesmo tempo docente da área tenho que confessar que o realismo artístico é algo que se almeja enquanto se está aprendendo a pintar, porém depois que se passa desta fase a técnica deixa de ser o mais importante e sim a mensagem que se quer passar com a sua obra.
 
De que adianta fazer belos retratos vazios de conteúdo? Para que pintar paisagem sem motivo algum? Sempre lembro aos meus alunos que o artista não pinta por achar lindo pintar, mas antes de tudo por que ele quer comunicar o que sente (prefiro dizer o que pensa, é bem melhor). O que difere um Leonardo Da Vinci de outro qualquer retratista é antes de tudo o domínio de técnica, mas também de comunicar ideias!
1ª experiencia minha de reprodução tendo como tema um estudo do pintor Gericaut com lapis pastel
últimas de minhas pinturas mais expressionistas e menos realista


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