domingo, 5 de agosto de 2012

Escrevendo Um Românce 24ª Parte: Final

CAVALEIROS E EXORCISTAS

©2012 Paulo Af.
Esta obra é uma ficção, não tem dados históricos oficiais reais e todos os personagens são fictícios, qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.

O DESCANÇO ETERNO DE AQUILES

O sangue de Atila jorrava de seu pescoço como um chafariz de um monumento melancolico. Todo o seu liquido vermelho começou a manchar o rio. Ele começou a murmurar palavras que para mim pareciam indecifraveis. Atila se contorcia e eu apenas olhava a cena. Passado algum tempo ele finalmente se rendeu a dor e após o estremecimento... morreu!
Voltei os meus olhos então para o monsenhor Aquiles e percebi que ele ainda respirava.  Ao contrario do seu oponente, o monsenhor parecia falar palavras que eu entendia. Ele clamava por Yara. Corri até ele e tentei inutilmente estancar o sangue que vetia da ferida produzida em seu peito. Enquanto eu apertava forte a sua mão ele começou a falar comigo:
- Francisco meu filho! Veja o que eu me tornei. Olhe para o futuro de todo o homem que se dedica a tirar vidas. Eu vivi pela espada e agora, morro por ela.
Meus olhos começaram  a verter lagrimas. Oh Vossa Santidade! O teu maior guerreiro estava escapando pelas minhas mãos e eu não sabia o que fazer. Aquiles então voltou a falar:
- Onde está Yara? Diga para mim que ela está sã e salva.
Ohei para a sereia e pude constatar tristemente que jaz se fazia morta. Não conseguia entender como tal criataura magica e idolatrada poderia perder a vida. Fitei então o monsenhor e resolvi consolá-lo:
- Ela esta bem mestre! Assim como o poeta florentino Dante encontrou Beatriz, tu irás encontrar Yara no nono firmamento.
O mestre então sorriu e como se despedisse levantou a mão direita para o céu e como último suspiro entrengou a alma de vez para o Senhor Jesus! Comecei então a chorar como uma criança que perdera o pai. Nunca pude dizer para o monsenhor que ele para mim era mais que um pai espiritual: era antes de tudo um pai de carne e sangue que sempre desejei ter.
A dor da perda não me fez perceber a aproximação de Diana. Ela tocou em meu ombro e somente depois de algum tempo é que pude fita-la e perceber que ela também chorava pelo mestre Aquiles. Em seguida Buldica com Harpia nos braços e Fúria  chegaram e poderam ver a triste cena final.
A pajé foi até a sereia e tocando o seu rosto frio começou a chorar por ela. Todos tinham perdido os que mais amavam, agora restava somente sepulta-los. Começamos então a fazer uma revista por toda a aldeia e saber quantos tinham sido feridos e quantos corpos deveriam ser recolhidos.
Depois cavaleiros e amazonas fariam os seus rituais funebres de acordo com a sua religião. Através de um pedido informal de Fúria nós sepultamos os cavaleiros em um outro local fora do território das nativas. Parecia algo indelicado, mas entendi que era necessario pela preservação do modo de vida das amazonas.
Após isso, por obrigação resolvemos reconstruir a aldeia que fora muito destruida. Neste tempo pude refletir e pensar em que rumo tomaria depois de todos estes acontecimentos.

A ÚLTIMA CARTA DE FRANCISCO

Pensei em tudo o que passamos e o que fizemos pela religuia sagrada. Conclui que haviamos feito coisas terriveis em nome de Deus e que o seu silêncio era a prova de sua decepção para conosco. Também pensei sobre a vida de monge que escolhi e se poderia mante-la se o meu coraçao pertencia a Diana. Cheguei na conclusão que não era digno de ser um casto e assim abdiquei do habito e resolvir viver como um ‘comum’ entre os homens.
Fui então a oca de Diana disposto a falar dos meus sentimentos para com ela. Vislumbrei a nativa deitada em sua rede e com os raios de sol banhando a sua pelo ocre e suas coxas e braços grossos e seu ventre delgado. Por fim, tomei coragem e fui falar o que sentia por ela. Como um menino desajeitado e timido despejei todos os meus pensamentos para ela. Enquanto eu falava como um tagarela, Diana apenas ficava em silencio. Depois que minha boca ficou seca de tanto falar ela então resolveu replicar. Na hora fiquei assustado esperando uma reação negativa, porém o que Diana fez há muito eu sonhava: ela simplesmente me abraçou e me beijou como uma amante beija o amado de forma terna e quente.
Depois disso pedi uma audiência para a pajé da tribo para pedir a sua filha em casamento. Fúria foi bastante compreensiva e permitiu que eu casasse com sua filha. Quando as folhas mais verdes tomaram conta do ambiente nos casamos seguindo os rituais indigenas e depois de certa persuação por rituais católicos. Posso dizer Vossa Santidade que hoje sou um nativo com raizes do velho mundo. E sou muito, muito feliz!
Agora vou parar de falar de mim e noticiar o que mais lhe interessa Santidade! Há três dias partiu da praia a nossa embarcação com os cavaleiros sobreviventes. Como eu fiquei na ilha a reliquia sagrada esta com os navegantes que depois de meses de empenho em consertar o nosso galeão finalmente estarão em solo italiano. Espero que Vossa Santidade faça bom uso da reliquia e que as cartas que estou lhe enviando  possam servir de testemunho da prova que o homem quando não dosa a sua fé e sua inteligencia pode ser uma besta cruel e perversa corrompendo tudo o que Deus criou.

Paz e bem a todos de minha terra!

Quando finalmente Helio Medeiros terminou de lêr a última carta de Francisco, a platéia estava estarrecida e emocionada. Helio deu um engasgo demonstrando estar tão emocionado quanto os estudantes que o acompanharam até aquele momento. Depois, pediu que alguem que quisesse expor alguma pergunta levantasse a mão.
Houve um breve silênco que mais parecia funebre e então em seguida varios estudantes ao mesmo tempo começaram a levantar as maõs e pedir permissão para fazer perguntas. Helio fez um sorriso de satisfação e se prontificou a responder. Percebeu que a maioria das perguntas era se teriam encontrado provas arqueológicas dos cavaleiros que estiveram aqui, e se realmente o Vaticano tem em seu poder a coroa de Cristo.
O professor respondeu de modo franco que as cartas estavam há muito tempo guardadas em uma biblioteca de um colecionador italiano e que estas depois foram leiloadas para o governo do Brasil. Até hoje, pelo que se sabe, náo foi encontrada nenhuma prova da existencia de cavaleios templarios em solo brasileiro. Mas assim como o mito das amazonas muitos historiadores debatem acaloradamente sobre estes fatos.
Quanto a reliquia sagrada...Havia uma lenda que Carlos Magno tinha em seu poder e depois ela desapareceu. Daí mais tarde em varios locais da Europa e do Oriente Médio dizem que a coroa de Cristo esta guardada em um lugar secreto que nem a propria Igreja sabe. Tirando as cartas de Francisco não se tem muitos dados da saida ou chegada de um navio que tenha saido do porto de Florença rumo as Indias.
Após o fim da sua palestra Helio foi ovacionado. Se vendo como um vitorioso ele saiu triunfante pelo corredor da faculdade e vislumbrado pensava nas aventuras de Francisco e como havia tanta coisa a se saber de nosso passado.
No aeroporto enquanto esperava o vôo que o levaria de volta para casa o professor ficou analisando o estranho brasão que estava impresso em uma das cartas. Não muito bom de semeologia resolveu arriscar e tentar ler a figura:
- Uma espada e uma enorme cruz se encontram como se fossem formar a letra ‘X’. no meio dos dois objetos angulares aparece o que seria um circulo com pontas ou algo parecido com a coroa de espinhos. Acima do circulo um arco em forma de um cocar indigena. Abaixo do do circulo de pontas uma epigrafe em aramaico. E nas laterias do brasão um alpha e um ômega.

Deciframe ou te devoro!

FIM

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