domingo, 24 de junho de 2012

Sessão Vitrola: Gilberto Gil e a Tropicália


O ex-ministro da cultura Gilberto Gil está prestes a comemorar 70 anos de vida. Cantor e compositor prestigiado dentro e fora de nosso país, o aniversário de Gilberto Passos  Gil Moreira traz para nós uma reflexão sobre a importância de sua música e antes de tudo do movimento que ajudou a propagar e que até hoje influencia artistas.
Nascido em 1942 em Salvador (BA), Gilberto Gil cresceu ouvindo as cantorias religiosas e os festejos populares com a música nordestina de Luiz Gonzaga. Mais tarde partiu para o Rio de Janeiro disposto a seguir a carreira de compositor e cantor participando dos festivais de músicas daquela época. Era os emblemáticos anos 60 que tinham a Jovem Guarda de Roberto e Erasmos Carlos como musica da juventude.

Foi nesse periodo que o Cinema Novo de Glauber Rocha estava ganhando espaço em salas de cinema alternativas cheias de universitários que depois seriam perseguidos pelos militares durante a Ditadura. Muitos cantores dispostos a propagar novas ideias e a maioria afim de expor sua revolta contra o sistema participavam dos festivais que eram financiados pela Record, Globo e Tupi. A ideia da Tropicalia ainda era um embrião tendo artistas dispersos em vários segmentos como Helio Oiticica na pintura, o já citado Glauber Rocha no cinema e Caetano Veloso, Tom Zé e Gil na música. Somente depois da apresentação de Caetano com a música 'Alegria, Alegria' e Gil com 'Domingo no Parque' é que viria a encruzilhada de artistas (maioria baianos) se berfurcando no que seria chamado posteriormente de Tropicalismo.

Mas o que era o Movimento Tropicalia? A Tropicalia seria em modo objetivo um filho direto do movimento antropofágico de 1920. A ideia era absorver a cultura estrangeira e mistura-la como em um liquidificador com as varias expressões artisticas regionais do país. O resultado seria a mistura da guitarra elétrica de Jimi Hendrix com o baião de Luiz Gonzaga e o samba.
Muitas dessas misturas deram origem a estilos musicais inovadores como a Bossa Nova (samba + jazz), samba rock, e estilos que ainda são construidos até agora para o desgoto dos puristas e ufanistas de plantão.
Na época a Tropicália foi mal vista por criticos, talvez porque, o movimento armorial de Ariano Suassuna, que tinha a ideia de preservação de raizes nacionais parecesse lógico e a única forma para combater a invasão cultural estrangeira simbolizada pelos filmes e musicas norte americanas naquela época. Hoje com o mundo globalizado a Tropicalia se tornou mais forte e menos odiada, já que metade dos estilos musicais atuais são uma mistura do nacional com o importado: hip hop, coutry, rock, dance...
Não há como não perceber em movimentos como o brega eletrônico, o sertanejo universitário, o movimento mangue beat e no funk, esta msitura de transgressão e transformação do que vem de fora com o que temos de nossa cultura. O mangue beat de Chico Cience (maracatu + rock+ tecno), o tecno brega ( tecno + forró), o funk carioca ( miami beat + samba) e o sertanejo (moda de viola + country) são reflexos que muitos criticos musicais não aceitam, mas são resultados até hoje do tropicalismo em nossa cultura!

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