domingo, 29 de abril de 2012

Escrevendo um românce: 19ª Parte

CAVALEIROS E EXORCISTAS


©2012 Paulo Af.
Esta obra é uma ficção, não tem dados históricos oficiais reais e todos os personagens são fictícios, qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência



CONFRONTO DE LEÕES

Atila chegou na grande sala do castelo armado até os dentes. Em sua companhia havia uns trinta homens armados que lotaram o recinto. Nós, no entanto, éramos uns quinze no mínimo. Monsenhor rangia os dentes e parecia não estar preocupado com a desvantagem numérica.
Atila nos olhou diretamente e então com um ar de soberba e orgulho falou:
-         Aquiles, sempre teimoso como um asno! Olhe ao redor, estás cercado por minha alcatéia! Seja um homem digno de fé e abaixe a sua cabeça diante de mim para eu decepa-la!
Aquiles não gostou do tom de voz do inimigo e rebateu:
-         É sua cabeça que eu enfiarei em uma ponta de lança, Atila! Iremos sacrificar os seus lobos como cães doentes!
-         Pretendo arrancar a sua língua e queima-la em um braseiro e depois come-la! (disse Atila com seu olhar sádico).
Os soldados do terrível ex-templário prepararam as suas lanças e flechas. Alguns já estavam com espadas levantadas ao alto da cabeça. Um único movimento de ordem que viesse da boca de Atila e estaríamos mortos!
Monsenhor Aquiles olhava para a caixa e pensava na atitude que deveria tomar. Tínhamos o que vínhamos buscar e não poderíamos agora retroceder. Eu olhei ao redor e vi as faces assustadas de Michelangelo, Buldica e Diana.
Segurando sua espada com firmeza Aquiles falou:
-         Atila! Deixes que eu e meus companheiros possamos ir embora com a relíquia! Deixarei tua vida e assim ficaremos em acordo.
Michelangelo assustou ao ouvir da boca do monsenhor tal proposta. O mestre estaria louco ou desesperado? Atila também surpreso riu diante da proposta e retrucou:
-         Esta proposta passou da sua validade. Talvez, alguns dias atrás eu a aceitaria de bom grado. Agora, é tarde! Prefiro te matar e manter o que conquistei!
Aquiles acariciou a caixa e com um olhar de contemplação voltou a falar:
-         Veja o que nos tornamos...Somos animais arredios matando por algo que não conhecemos direito! Deixe-me levar a caixa para a Igreja. Isto pertence a Ela!
Atila rebateu:
-         Não! A Igreja abandonou o seu propósito. A caixa é útil aqui! Deixe-a comigo e morra como um homem de fé que é!
Aquiles então olhou para trás e viu que o seu número de soldados havia aumentado. Acariciou novamente a caixa e a abriu. Viu que no seu interior estava a coroa de espinhos. Ela brilhava como o sol. Aquiles viu o objeto vislumbrado e então deixou de lado qualquer intervenção. Gritou ‘atacar’ para os seus soldados e correu em direção de Atila e seus guerreiros.
Os soldados de Atila como uma onda de mar revolto, vieram sobre nós. Levantamos escudos e arremessamos flechas. Estalos de espadas se chocando chegavam aos ouvidos como sinos. O sangue voltou a manchar as armaduras e gargantas eram cortadas e peitos perfurados sem cerimônia.
Vi Buldica esmurrando com seus fortes braços as faces de dois soldados. Diana se esquivava e ao mesmo tempo feria dois guerreiros karanyos. Michelangelo com sua clava explodia a cabeça dos inimigos. Quando dei por mim um karanyo quase perfurou o meu estomago com sua lança, porém desviei. Bem a tempo pude rasgar o seu peito com minha espada!
O sangue do guerreiro cobriu o meu rosto e meu manto. Senti um sabor amargo de sangue em minha boca. A raiva veio na alma e passei a esfaquear mais inimigos! Meus Deus! Eu também havia me transformado em uma besta selvagem!
O grupo de Atila foi avançando cada vez mais. Aquiles derrubou muitos soldados, mas não conseguiu sequer chegar perto do seu verdadeiro oponente. Atila percebeu que seu inimigo estava perto e poderia aproveitar a balburdia para mata-lo.
Atila levantou a sua espada e como uma águia vôo sobre Aquiles. O monsenhor resolveu revidar e jogar a sua espada em forma de cruz na direção do inimigo para empala-lo. Na confusão não consegui ver mais nada. Não sei quem venceu, contudo sei que naquele momento uma alma iria embora desta terra.
As imagens pareciam nuvens em silhuetas que vagavam rápido sobre os meus olhos. A clava de Michelangelo esmagava elmos e puder ver olhos soltando para fora do crânio a cada pancada! Um karanyo me segurou por trás. Caímos no chão em uma luta corporal. Ele era mais robusto que eu e usava o seu peso como arma para me comprimir no solo.
O ar começou a faltar nos meus pulmões. Tinha que fazer algo depressa ou o índio venceria a luta. Tateei o solo e consegui pegar um punhal. Segurei o cabo e meio que na sorte esfaqueei o karanyo no pescoço. Um jorro de sangue caiu sobre mim e depois vi o desafortunado se contorcendo de dor até morrer de olhos abertos.
Quando me levantei avistei novamente Aquiles e Atila. Os dois lutavam bravamente segurando suas armas ensangüentadas. O monsenhor ainda cansado, talvez, de tantas lutas parecia levar desvantagem.
A caixa, objeto de contenda, estava no chão. Resolvi resgata-la enquanto a distração na luta reinava. Corri no meio da confusão e milagrosamente consegui chegar até o objeto.
Coloquei a caixa debaixo do meu habito e procurei avisar alguém. Por sorte Diana se aproximou falei o que tinha feito ela então gritou para buldica.
Buldica estava batendo em um soldado com as mãos nuas enquanto ouviu os gritos. Num gesto assobiou alto. Pelo jeito os índios haviam ensaiado algum tipo de sinal entre eles. Os guaranis ouviram o assobio e se reagruparam. Michelangelo percebeu o que estava acontecendo e após derrubar um soldado correu para o lado dos guaranis.
Atila parecia vencer. Ele apontava a ponta de sua espada para o rosto de Aquiles. O monsenhor revidou de forma extraordinária: juntou forças e conseguiu afastar o inimigo. No ultimo instante golpeou-o em uma das mãos decepando-a.
O guerreiro de cabelos negros e de cicatriz na face gritou de dor! Largou a espada e segurou o braço ferido, tentando reter o sangue que jorrava da enorme ferida.
Por um momento Aquiles ficou olhando a dor do inimigo. Parecia deleitar-se com a cena! Eu aproximei dele e disse que estava com a caixa. Ele parecia não querer ir embora (desejava continuar a luta e se possível dar um fim ao inimigo já ferido).
Os soldados de Atila vendo o seu líder ferido debandou do salão. Michelangelo disse para partirmos. Depois de relutar o monsenhor aceitou a idéia e então, passamos pelos átrios até passar pelos portões derrubados do castelo rumo á mata virgem.

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