quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Escrevendo um romance 16ª Parte


CAVALEIROS E EXORCISTAS
 ©2012 Paulo Af.
Esta obra é uma ficção, não tem dados históricos oficiais reais e todos os personagens são fictícios, qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.

 O TERRIVEL DEBATE COM A MORTE

Após ouvir a história de Fátima comecei a questionar o que nos motivou a caçada a traz de Atila. Poderíamos estar enganados sobre os nossos inimigos? Poderia Atila estar certo sobre as atitudes da Igreja? Poderia o monsenhor Aquiles ser o verdadeiro vilão desta história?
Sai da piscina e depois de enxugar o meu corpo troquei de roupa. Os karanyos eram muito organizados até mais que os guaranis. O castelo era limpo e todos andavam semivestidos, as mulheres cobriam o busto e os homens usavam tangas largas para encobrir a genitália. Tudo era diferente e bastante civilizado aos meus olhos.
Percebi que Buldica e Diana estavam em uma varanda do castelo. Fui falar com elas. Diana olhou para mim com seus olhos castanhos luminosos e com um sorriso me paralisou. Aproximou bem devagar e comecei a falar:
-         Vejo que estás feliz!
Diana abaixou a cabeça e passando a mão sobre a cabeleira negra e olhando a sua irmã retrucou:
-         Como não estaria?! Eu e você estamos bem e minha irmã saiu dos braços da morte.
Olhei para Buldica e ainda não acreditava no seu bem-estar. Lembrei-me que como eu a vi mortalmente ferida e agora, estava muito mais forte do que antes. Resolvi fazer perguntas a ela:
-         Buldica, o que sentiu durante o processo de magia de Atila?
-         Senti que uma luz entrava no meu coração. Mas, antes também senti uma dor constante sobre minha cabeça, como seu uma faca perfurasse a minha nuca.
-         Sempre imaginei que os milagres fossem suaves e nunca dolorosos (retruquei desconfiado).
-         Realmente foi doloroso, contudo só no inicio. Depois, estava me sentindo como se flutuasse no ar.
O ar de felicidade de Buldica me intrigava. Nunca imaginei presenciar um milagre. Como poderia eu um homem de fé ficar descrente do poder de Deus? Diana se aproximou e tocou em meu braço. Fitamos um ao outro e ela falou:
-         Devemos ir embora daqui. Quero voltar para minha aldeia.
Olhei para ela e falei:
-         Eu também queria retornar para os guaranis. Mas como? Até agora monsenhor Aquiles e seu exercito não vieram nos resgatar. (comecei a pensar que fomos abandonados).
Disse então a Diana que iria me deitar em um dos aposentos que Atila nos ofereceu. Elas disseram que iriam depois: queriam caminhar mais pelo recinto. Despedi-me e fui dormir e que sabe espairecer a minha cabeça cheia de indagações.
No aposento encontrei uma cama feita de palma, coberta por um lençol e um travesseiro de penas. Deitei a cabeça sobre tão macia superfície e adormeci rápido. Durante o sono clarões e escuridão digladiavam e depois cenas enevoadas se formavam em minha mente. Vi-me então, sentado diante de uma mesa parecida com a tavola redonda do rei Arthur. Ao seu redor varias cadeiras ocupadas por cavaleiros de armaduras negras. Senti um ar gelado no ambiente. Mais à frente avistei uma arvore seca no alto de um vale. Comecei a perguntar aos presentes onde eu estava, mas ninguém respondia. Todos os cavaleiros mantinham silêncio fúnebre e isto me assustava.
De repente um barulho como de trovão se fez no lugar. Uma figura do nada veio até a mesa. Estava vestida com um manto negro e de cabeça abaixada como um monge beneditino. A figura veio em minha direção. Olhei e vi que em uma das mãos segurava uma foice manchada de sangue.
A figura parecia não ter rosto, contudo, senti os seus olhos me observarem. Senti o frio aumentar naquele lugar cheio de vazio. Comecei a perguntar a figura o que eu estava fazendo naquele lugar. A figura de manto resolveu então levantar a cabeça.
O espanto me veio quando percebi que a face da criatura era desprovida de carne. Oh vossa Santidade! Imagine um homem com expressão de caveira, pois bem era a Morte que veio me visitar em meus sonhos!
Os buracos no lugar dos olhos pareciam à escuridão eterna. A criatura levantou sua mão e apontou para um dos cavaleiros que estavam sentados. Ela então começou a apresentar:
-         Este cavaleiro é a Fome.
Depois apontou para o outro:
-         Este outro é a Peste.
E por último mostrou-me um enorme guerreiro que saiu da escuridão com duas faces e quatro braços. Para o meu torpor as faces do monstro se assemelhavam a de Aquiles e Atila. Em seus braços sustentavam espadas e escudos e no peito o brasão em forma de um dragão de doze cabeças. A morte então falou:
-         E este é o meu melhor cavaleiro. Chamo este de: Guerra!
Percebi então que estava diante dos flagelos do Apocalipse. A Morte então levantou a sua foice ate o alto de sua cabeça e falou:
-         Tu deves saber que tua hora chegou! Toda a sua raça está condenada ao fogo do Inferno e o teu Deus te deixou á deriva no mar da desolação.  Eu como ceifeiro vim colher o plantio. Agora morra como deves!
Comecei a gritar e a pedir misericórdia a Deus. Porém, o Senhor não me socorreu. A Morte riu de minhas orações e com seus cavaleiros escarneceram do meu medo. Tentei dialogar com a Morte:
-         Por favor, sou um temente de Deus! Poupe a minha vida, por favor. Volte para o Hades e me deixe em paz!

A Morte então enfiou a ponta da foice em meu peito. Vi o meu rosto ficar manchado do meu próprio sangue. A Morte sorriu e com raiva enfiou a mão cadavérica em meu peito. Em seguida ela puxou o meu coração e falou:
-         Eu irei para o Hades sim! Contudo, levarei o teu coração junto comigo!
Acordei do sonho espantado e transpirando muito. Ouvi um barulho de explosão. Levantei e vi pela janela uma cena muito esperada: era o exercito do monsenhor Aquiles atacando o portão do castelo de Atila!


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