sábado, 28 de janeiro de 2012

Esculturas Vivas: A Arte Funcional & interativa


Desde que o homem tomou discernimento de sua existência e fez a primeira escultura de si mesmo, ele acabou despertando um desejo incontrolável de ser um 'criador divino'. Passando do mito grego do Pigmaleão ( um humilde escultor que fez uma estatua ganhar vida) e pelas primeiras incursões de criação de motores pseudo perpétuos ( moinhos de vento, as primeiras engrenagens dos relogios e as máquinas à vapor) o homem quer fazer algo inanimado ter vida própria.
   
O sonho de um dia poder construir um robô vai muito além do que se vê nos filmes. Neste momento cientistas em varias partes do mundo, colocam-se a serviço da robotica e desejam um dia poder criar uma máquina que ande e fale como o homem ( e quem sabe possa se reproduzir sozinha).
    

Muitos podem pensar qual seria a relação deste desejo tecnológico com as artes. Como eu explicitei as esculturas que os homens criam é uma pequena parte de um desejo incontrolável de construir uma forma de vida. Artistas como Alexander Calder, que criou os mobiles, Marcel Duchamp e Alberto Giacometti, que também criaram obras diferentes que o tradicional, tentam realizar a tão chamada obra artistica funcional ou interativa.

Antes de mais nada, temos que distinguir o que é uma obra funcional. Desde os primordios da história da arte, o que se qualificou como algo artistico seria um objeto que não tivesse função ou prioridade na sociedade. Um exemplo cabal é perceber isto na arte indigena e dos povos tribais africanos: eles confeccionam máscaras, potes, lanças com a funcionalidade em mente, porém sem dispensar a estética ( um pote pode ser um recipiente para pôr comida, mas também ele pode ser um utensilio doméstico bem construido e bonito).Todavia, para muitos historiadores as grandes obras de arte não precisam ter uma função imediata ( pode se viver muito bem sem precisar fazer esculturas ou pinturas, já que não são utensilios de caça ou objetos de funcionalidade).

Foi desta questão (precisamos realmente de arte?) que talvez, Marcel Duchamp tenha pensado nos seus readymades. Não bastava apagar a assinatura do artista em uma obra, mas também torna-la mais próxima de nossas realidades e necessidades cotidianas. Esta mesma questão impulsionou os demais artistas da vanguarda e da contemporaneidade.
 
Os móbiles de Calder  e as esculturas de Giacometti, mostram outro ponto importante: a arte como algo que pode ser tocado e não somente apreciado. As obras destes artistas são feitas para serem tocadas pelo público e por causa de hoje serem consideradas obras apenas de cunho estético se tornam estéril (não se pode toca em obras nos museus por medo de dano) . Um outro artista que  cria obras interativas é o indiano Anish Kapoor.

 Estas criações parecem vivas como se por um momento o sonho de Pigmaleão tivesse finalmente  acontecido. Eu sempre imaginei criar uma obra que podesse ter uma funcionalidade. Penso que poderia criar um tipo de aparelho ou um sistema que podesse funcionar com ajuda de um simples ato de interação.  Uma das minhas primeiras obras na faculdade foi criar uma escultura a partir de uma televisão. Peguei uma TV e a costumizei tentando esteticamente mudar a sua forma. Eu guardo até hoje esta obra e funciona direitinho. Logicamente esta mais para um readymade que uma obra construida como um robô ou mobile...mas ainda não desisti de criar uma escultura viva!

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