sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

A Arte do Desenho


Esta postagem eu dedico aos meus alunos da EJA (e em especial a Maria da Paz, beijos!). Uma das minhas primeiras postagens assim que comecei este blog era sobre a função e o desejo pelo ato de desenhar (ver o olho e o desenho, janeiro de 2011). Eu desenho desde criança e tive o prazer de fazer um curso de desenho aos 16 anos, depois com 33 anos é que eu resolvi fazer uma faculdade de arte.
   
Durante este percurso tentei desenvolver o meus estilo, mas o que mais aprendi foi o seguinte:
-não existe macete para aprender a desenhar ( muitos professores de desenho costumam dizer que para fazer os labios de uma figura feminina existe um padrão. Na verdade temos que ter em mente que etnicamente falando nenhum individuo é igual ao outro. Sendo assim, os labios de uma mulher asiática não são os mesmos de uma mulher negra e por ai vai...em suma não existe macete para fazer um rosto ou partes de um corpo humano e sim o senso de observação);
-nem todo bom desenhista necessariamente precisa saber pintar. O conceito de que o artista tem que ser completo e capaz de produzir toda tecnica de arte possivel é muito mais um resquicio dos tempos das guildas e oficinas da antiguidade, que um fato consumado (o maior exemplo disso foi Leonardo Da Vinci que era um eximio desenhista e pintor, mas que não tinha tanta habilidade com esculturas, o que provocava inumeras disputas com Michelangelo que era melhor escultor que engenheiro como Leonardo o era).
Muitos podem não concordar o que eu expus aqui, mas é uma verdade. Nas minhas aulas com os meus alunos da EJA, costumo dizer a eles que o que precisam para aprender a desenhar é antes de tudo treino. Se você não treina não aprende! Parece obvio. Contudo, muita gente que aspira a ser desenhista não consegue colocar isto na cabeça.

Existe varias maneiras de treinar o olho para ser desenhista. A mais comum é usar modelos seja de revistas, fotos com determinadas poses (geralmente as crianças começam desta forma gerando uma mimese entre o seu desenho e o traço do artista que admiram). Nos cursos e faculdades o que predomina é o desenho de observação de figuras reais (modelos vivos e desenhos de objetos tridimensionais).
Um dos maiores erros de quem começa os desenhos de observação é tentar desenhar o objeto pela imaginação e não pelo olho. Explico: quando você  vê um caixa, geralmente a pessoa não se prende a visão. Ela presume que está vendo a caixa e busca em sua memoria varias imagens de caixas que ja viu. A partir desta imagem de memoria ela desenha a sua caixa, mas não aquela que ele deveria ser observada.
O aluno então desenha a caixa da sua memoria e não a do teste de observação, tendo como resultado não conseguir desenhar. Quando era aluno de um professor de curso de desenho na adolescencia, fui levado ao jardim zoológico de Brasilia. Lá o professor pediu para eu reproduzir os animais que eu via nas jaulas. Para o meu espanto os animais se mexiam e não faziam poses como os modelos humanos fazem nas faculdades. O professor me disse que seu conseguisse captar o movimento do animal no papel poderia afinal aprender a desenhar. Levei um ano treinando o olho e aprendi a conseguir memorizar o movimento do objeto que eu preciso desenhar em poucos segundos, o que me ajuda quando quero desenhar um modelo vivo.

Até hoje faço uso desse metodo e procuro passa-lo aos meus alunos. É bem melhor que aprender copiando imagens de revistas ou de uso de modelos parados como fazem nas faculdades. Hoje eu costumo misturar algumas tecnicas de desenho como o pontilhismo com o uso de canetas eferográficas de ponta fina e nanquim aguado. Me divirto bastante e para mostrar que vale apena treinar deixo algumas imagens de desenhos meus como icentivo.

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