domingo, 6 de novembro de 2011

Escrevendo um romance 2: 2ª Parte

CAVALEIROS E EXORCISTAS

©2011 Paulo Af.
Esta obra é uma ficção, não tem dados históricos oficiais reais e todos os personagens são fictícios, qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.

AS AMAZONAS

 


De repente quando a amazona de corpo atlético disse estas palavras, uma outra índia de formas mais delicadas e não menos formosas segurou a sua lança e apenas com o olhar fez a outra retroceder. Depois disso a índia maior pegou distância de Aquiles, a outra em contrapartida se aproximou dele e com voz firme falou: ‘Vamos leva-los a nossa tribo e cuidaremos de seu destino!’. A fala intimidadora da nativa não trouxe nenhuma expressão de medo para a face de Aquiles.
Ele guardou a sua espada na bainha e pediu para que todos outros monges fizessem o mesmo. Em seguida ele se fez de escravo abaixando a cabeça e pedindo para ser conduzido. As nativas guerreiras e outras acompanhantes levantaram as pontas das lanças para o alto e seguiram marcha. A comitiva seguiu enquanto as criaturas e os corpos dos marujos e do capitão ficaram para traz junto com as já manchadas de sangue a paisagem paradisíaca da cachoeira.
Enquanto caminhávamos sentíamos os nossos pés criarem calos e serem mordidos por formigas no solo úmido e cheio de galhos e folhas. As nativas conseguiam caminhar e se abaixar antes dos galhos e troncos aparecerem em sua frente. Bonelli não teve a mesma sorte e nem Michelangelo: ambos meteram as testas em galhos retorcidos e machucarem as mãos se apoiando em troncos espinhosos.
Na hora que andávamos o frio se tornava mais intenso. O sol desaparecia em meio às montanhas e vales verdes. Com toda a certeza, estávamos próximos da noite. As índias conversavam entre si em sua língua, o que dificultava para nós sabermos dos reais planos delas. Uma delas a minha direita olhou para mim de cima para baixo e passou a mão sobre minha cabeça, depois tocou o meu manto e pareceu sentir a maciez de minha roupa já ensopada de suor. Com certeza ela nunca tinha usado algum traje, pois estava confortavelmente nua em meio ao frio.
Quando finalmente parecia que andaríamos mais olhamos para uma estranha fumaça saindo de uma moita enorme. A índia menor abriu a moita com as suas mãos e como se quiséssemos nos mostrar deixou a vista a sua cidade e de suas compatriotas. A índia mais forte empurrou o monsenhor Aquiles que simplesmente foi à frente e entrou na cidade. Nós fizemos o mesmo e com atenção olhávamos para todos os lados.
Qual foi o nosso espanto ao percebermos que a comunidade da cidade inteira era de fêmeas e não havia sequer um varão nas proximidades. Todas elas empunhavam arcos e flechas e lanças, enquanto outras trançavam cestos ou pitavam um cachimbo primitivo. Fomos levados a uma das casas feitas de barro e palha, tudo de estética simples muito longe da beleza de uma basílica ou de um castelo de um rei.
A casa para onde nos levaram era a maior da cidade e lá deitada em uma cama suspensa entre troncos estava uma velha senhora. A senhora pitava um cachimbo que soltava uma longa fumaça. Ela saiu de sua cama suspensa e nos olhou. Viu a espada na cintura de Aquiles e pediu que para que uma das nativas trouxesse até ela. A nativa obedeceu e trouxe para a velha a espada do monsenhor.
A velha examinou a espada passando a lamina entre os dedos e então fez um movimento desastrado com ela. Em seguida sorriu e então perguntou em nosso idioma: ‘Onde está a sua roupa brilhante? Não usa a roupa de ferro como os outros?’.
Sem entender nada Aquiles disse não saber de outro e em seguida perguntou a ela como podia falar nosso idioma. A velha com semblante serio disse apenas que já nos conhecia e que não éramos de confiança. Aquiles não entendeu a resposta e perguntou novamente como ela sabia falar nosso idioma.
A velha ficou calada. Na mesma hora ela falou em outra língua para as suas companheiras. O tom era de ordem com certeza. A índia mais forte nos guiou até uma espécie de cadeia feita de troncos ocos e duros. Lá ficamos.
As nativas então pegaram nossas espadas e pediram nossas roupas. Fizemos envergonhados, pois, as nativas antes de tudo eram mulheres e não seria bom para um monge tirar sua roupa de penitência diante de uma mulher.
Depois de uma ameaça de sermos perfurados por lanças tiramos as nossas roupas e em seguida ficamos na cela de troncos.  As índias foram embora e ficamos sós. Bonelli ficou aflito e perguntou a Aquiles o que faríamos para sair dali. Aquiles ficou que deveríamos ficar calmos e que tudo se resolveria quando o sol nascesse.


continua...

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