sábado, 7 de maio de 2011

Projetos educacionais em artes para EJA

Quando iniciei este blog, a ideia era de com ele eu podesse corresponder com amantes das artes, literatura, cinema, teatro e cultura em geral. Acho importante que eu como docente de artes exponha o seguinte pensamento: a função de um professor de arte não é criar artistas pois, a escola não é uma oficina ou um liceu. Também não vejo como função de professor de arte enfeitar murais ou escola somente com o pretesto de deixa-la 'bonitinha' para os pais dos alunos verem.

Muitos professores de artes acreditam que colocar o aluno para fazer releituras de obras famosas já estariam estimulando o aluno a gostar de artes. Tive experiencias com crianças e agora com jovens e adultos e percebo uma coisa comum: a ideia de arte para muitos deles ainda é ligar ao mundo figurativo, mais especificamente a reprodução de uma suposta realidade. O que se assemelha a busca passada pelos gregos pela mimese.
Penso que a reprodução da realidade não é o mais importante. A técnica de linguagem visual é uma parte do todo do que é a arte. Existem muitos artistas que tecnicamente desenham ou pintam muito bem porém, sua arte não emociona ninguem. Por que? Porque como provou Courbet, Monet, Paul Gauguin e claro Duchamp, a tecnica não pode engolir a poética.
Em um artigo que postei aqui chamado de 'Arte conceitual: que diabos é isso?' em fevereiro, eu procurei demonstrar que a poética é a intenção que leva o artista a produzir algo. Os egipcios tinham a religião e a morte como motor para criar sua arquitetura. Os renascentistas os principios humanistas e no nosso mundo pós-moderno os ecos de critica e ironia das vanguardas sobre a sociedade.

Sem uma intenção não existe uma produção artistica. A arte somente pela técnica em si é vazia. E ninguem mesmo os leigos em arte não gostam de coisas vazias. O que nos faz gostar de um Leonardo da Vinci não é a capacidade figurativa mas, o porque dele ter dado a Monalisa um mistério visual único.
Em minhas aulas gosto de falar aos meus alunos sobre a intenção e como o mundo molda o artista e vice e versa. Adotei trabalhar com projetos nas quais estimulo as criações individuais e críticas deles. Muitos podem não entender as aulas de inicio mas sei que muitas coisas acabam ficando em suas mentes. Isto para mim é arte.
Um exemplo é um projeto de xadrez para o ensino fundamental em que os alunos criam suas próprias peças de tabuleiro. O aluno vai olhar para si mesmo e criar o seu rei, sua rainha e peões. Muitos alunos por jogarem RPG e videogames criam seres fantásticos e inspiram-se em obras literárias como a de J. R. Token. As peças de tabuleiros acabam  se transformando em  pequenas esculturas que transmitem o mundo do aluno.
Outro projeto é estimular a confecção de caixas de guarda bijuterias, para comemorar o dia das mães. O aluno fica livre para buscar em si mesmo sua estética para dar forma a caixa: o uso de cores, o tamanho da caixa é a identidade do aluno e como ele vê  data comemorativa.

Também trabalho com a fotografia para aguçar no aluno o olhar de ver que em sua cidade existe obras   a céu aberto e que nem sempre a arte é algo elitizado e distanciado de suas vidas. Em suma cabe ao professor testar ideias e fazer as pessoas refletirem sobre as suas vidas e a sociedade em que estão inseridos, pois e disso que é feita os trabalhos artisticos.

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